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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Contos de russemontes: 2º história

      Pensamentos, todos embaralhados, todos fundidos...
     Alegria, tristeza, desejo, raiva...
     Atento a tudo e a todos. Ali estava ele, aquele garoto, garoto não, aquele jovem, aquela figura discreta sentada no banco do shopping, ninguém o notava, porém, o mesmo mantinha seus olhos fixados em cada um dos que passavam por ali.
 “Problemas, problemas e mais problemas... Quando ele parará de ser um fardo para mim?” – Pensava uma mulher ao desligar o celular e colocá-lo dentro de sua bolsa, ao mesmo tempo em que por ali passava.
   “O que eu fiz? Ele me iludiu, fez eu me apaixonar para depois me descartar...”– A poucos metros daquele observador, uma garota repetia mentalmente para si mesma, enquanto seus olhos enchiam-se de lágrimas.
   O quão interessante devia ser um Humano? Realmente, muito divertido. Porém, ser um anjo teria lá suas qualidades. Quais seriam elas? Divinas? Bom, ninguém sabe. Somente aqueles que carregam consigo o fardo de ser um anjo.
    Seus olhos não pareciam inocentes, pouco menos, divinos; seu sorriso tinha um significado subentendido, traíra. Sim. Aquele o qual se encontrava sentando, observando a todos cautelosamente, era Hector.
    Sua aparência, atraente, despistava qualquer desconfiança. Olhos azuis, cabelos negros lisos, pele branca, meio pálida; lábios avermelhados, braços fortes, ombros largos e estatura mediana, assim era aquele anjo, aquele que despertava ternura, desejo, raiva, inveja.
     -Não acredito que vim parar nesse lugar. – Hector sussurrou, abrindo um sorriso meio perverso, meio divertido.
     Levantou-se calmamente do banco onde estava; colocando as mãos nos bolsos de sua calça, logo começando a andar por entre as pessoas que passavam, enquanto lia cautelosamente todos seus pensamentos. Ele fechou os olhos, e jogou a cabeça para trás, abrindo mais ou vez aquele sorriso; reabriu os olhos e volto-se a olhar para frente, avistando mais afastada dos outros, uma garota. Ele lançou um olhar para a mesma e seguiu em sua direção.
      Não era uma menina qualquer, literalmente. Ela vestia-se de uma forma um tanto sombria, usava um vestido preto até o meio da coxa, um colar de morcego, luvas pretas até a altura do cotovelo, e calçava coturnos. Seus cabelos pretos longos combinavam com seu vestuário, junto com seus olhos pretos cintilantes e sua pele branca, pouco bronzeada.
      -Uma surpresa vê-la aqui. – Hector pronunciou-se ao chegar perto da garota. – Fale-me Rose, não acha que está sendo ousada demais?
      -Não me venha com reclamações e palpites, Hector. – Falou ela, enquanto erguia uma sobrancelha.  – Quem é você para me falar o que é certo? Quando fica ouvindo os pensamentos mais secretos dos outros, sem ter ao mesmo algum sentimento de culpa? – Finalizou ela, lançando um sorriso desafiador a Hector.
      -Não tente me enganar, minha cara; para uma vampira, não acha que está sendo bondosa demais? – Hector a lançou um olhar de vitória. – Não acredito que tenha se rendido aos fatos, e tornado-se uma boa samaritana?
      -O que aconteceu, é passado. – Ela desviou o olhar para algo em sua frente. – Vampiros são seres sanguinários, sombrios e demoníacos, não me venha falar de boas ações. – Rose deu uma pausa, olhando para Hector. – Não acha que você deveria preocupar-se? Você é um anjo, apesar de cretino, continua sendo um anjo. Se não me falha a memória, eles deveriam ser bons, não?
       -Tolos, Rose, pensamentos tolos esses os seus. – Hector manteve a compostura, embora tivesse se sentido irritado com a audácia da pergunta, e um pouco desconfortável, talvez; mas manteve sua expressão fria de sempre. – Meras ilusões; sabe o que é isso, Rose? Apenas nós, aqueles cujas informações nunca foram reveladas, sabem verdadeiramente sua metas.
      -Disfarce, desculpa e lorotas. – Repetiu Rose, cruzando os braços. – Não queira explicar-se; sua vida deve-se a você, somente a você, e eu sou a última pessoa que venha a se interessar pela sua vida medíocre.
      -Não se faça de desinteressada, isso você não é. – Hector a lançou um olhar furtivo. – Agora, fale-me, o que veio fazer aqui? Pelo que me lembro, desde aquele incidente...
      -Cale-se, Hector! Esse assunto não lhe deve respeito. Você não tem autoridade nenhuma sobre mim, lembre-se disso. – Rose pronunciou asperamente.
      -Peço-lhe minhas sinceras desculpas, Rose. – Hector desculpou-se, embora deixasse transparecer seu sorriso de vitória. – Agora me diga; o que faz aqui? Na luz do dia.
     -Observando, apenas observando. – Rose, voltou seu olhar para Hector, e abriu um sorriso sínico. – Meu caro, como você, eu também tenho meus assuntos.
     -O que estás tramando, cara vampira. – Hector deu um pequeno riso de lado, quase imperceptível. – Então, soubestes do ataque no parque a uma doce menina vulnerável? – Ele pronunciou, deixando transparente seu sarcasmo.
    -Sua ignorância me enoja, Hector. – Rose revirou os olhos e, olhando para o garoto, ergueu as sobrancelhas. – Sabes que essa menina foi uma vitima cautelosamente selecionada.
    -Estás informada, Rose, isso é bom. – Ele encarou o nada em sua frente, e abriu um sorriso um sorriso maldoso. – Então, os demônios começaram a agir...
   -É o que parece. – Rose finalizou e cruzou os braços, suspirando.
     By: Valéria c.

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