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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Contos de Russemontes - 5º História

        Andando sobre as folhas secas da floresta, Sophie causava pequenos ruídos com seus passos. O som das folhas partindo-se ao meio denunciava a sua chegada. Encapuzados e sombrios, figuras lançaram um olhar à menina que aproximava-se ao longe.
      - Pensei que não viesse mais. – Uma voz soou autoritária e pesada, mas ao mesmo tempo, fria.
      -Minhas sinceras desculpas, Gallowey. – Sophie curvou-se diante à figura a sua frente, abaixando o olhar, e encarando a grama ressecada daquela parte da floresta. –Por inconveniência, sofri alguns contratempos. Nada que requeira preocupação. – Ela levantou-se e retirou o capuz. – Espero que eu não tenha atrapalhado em nada.
      -Sabes que não tolero comportamentos como esse, principalmente, de iniciantes. – O homem juntou-se a Sophie, retirando seu capuz, e revelando-se um alto homem com cabelos crespos castanhos, pele bronzeada e olhos pretos cintilantes. – Mas, devido às circunstâncias atuais, terei de livrar-te, mas somente essa vez.
      Mostrando um semblante desnorteado, Sophie sofreu uma leve tontura, tão rápida que pôde sustentar-se em pé sozinha. A jovem bruxa pousou, levemente, a mão direita sobre sua testa, livrando-a de alguns fios de cabelo que a recaíam.
      -Estás com dificuldade em lidar com as premonições? – Gallowey questionou friamente, deixando claro seu tom vazio e ignorante.
      -Não. Na verdade, estou, até agora, saindo-me muito bem. – Sophie recompôs-se, murmurando firme, porém baixo. – Agora, diga-me... O quê está ocorrendo?
      -Parece que não tens estado informada. – O homem, aparentemente, possuidor de idade avançada pronunciou, deixando transparente seu descontentamento.
       Gallowey, o maior feiticeiro das últimas três décadas, sempre exigia competência desumana de seus subordinados. Inflexível, condenava sem dó aqueles que se opunham as suas ordens e a seus caprichos. Excêntrico ao extremo, sempre tentava superar os antigos mestres de feitiços dos séculos passados.
       Esse grande ditador tratava Sophie com menos rigor, devido ao seu dom, único entre os feiticeiros, e raro entre todas as criaturas. Premonições sempre foram representadas como uma grande vantagem, caso Sophie estivesse morta ou debilitada, ela não teria alguma utilidade para Gallowey.
       Sophie era descendente de uma família nobre, que houve de possuir membros passados com esse dom, e assim,o herdara.
       -Eu tenho estado ocupada com outros assuntos. – A jovem bruxa abaixou o olhar. – Hector tem perturbado-me como nunca. – Ela revirou os olhos.
       -Fique longe de Hector, ou melhor, de Anjos e demônios. – Gallowey soou agressivo e controlador, até porque, afinal, essa era sua personalidade. – Você não desconhece a meta deles de erradicação das bruxas. – Bufou. – E acredito que, não descansem até que a tenham atingido.
      -Como quiser. – Obediente,Sophie pronunciou.
      Um silêncio absoluto propagou-se pelo ar, estando audíveis, apenas, alguns ruídos animais provenientes das proximidades da floresta. Até que, cortando essa antipática pausa, Sophie voltou a questionar:
      -Hoje, qual objetivo tens em mente?
      -Sophie, temos perdido alguns recrutas... – Gallowey murmurou visivelmente irritado, ignorando a ousadia da jovem bruxa. – Feiticeiros e bruxas estão deixando Russemontes, devido a essa guerra infeliz contra anjos e demônios. Mas – Sibilou -, não penses que seja por medo. – Ele focou a atenção em algo ao longe. – Por hora, eles preferem não envolverem-se nisso...
        -Quantos ainda estão aqui? – Sophie encostou-se em um tronco ressecado e quase sem vida.
       -Somente nós. Esses aqui presentes. – O homem abriu os braços, enquanto mostrava e olhava ao seu redor. Havia cinco deles, já contando com a herdeira e com o mestre. Dois feiticeiros e uma bruxa.
       -Somos páreo contra os demônios? – Pouco convencida, Sophie questionou, arqueando as sobrancelhas.
        -Acredito, eu, que sim. – Ele respondeu com convicção, e lançou um olhar para o lado. – Até porque, teremos auxilio...
        Sophie voltou o olhar para o mesmo lugar que Gallowey e, avistou, surgindo por entre as árvores quase mortas, uma figura feminina. A bruxa abriu um pequeno sorriso de lado, e murmurou intrigada, embora não estivesse surpresa:
        -Rose...
        By: Valéria C.

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