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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Além de um olhar.

    Sentir a brisa leve e suave percorrendo por entre os cabelos e as roupas, sentir aquele sol intenso atingindo a pele, observar aquele mar imenso estendendo-se além do horizonte. Belas sensações e uma bela paisagem. Vejo você ao longe, caminhando com as calças dobradas até a altura dos seus joelhos, onde a terra avermelhada impregna. Usando aquela blusa azul, aquela de tantos momentos, onde os três botões estão abertos, denunciando seu peito definido. Seu rosto está molhado, assim como alguns fios de seu cabelo que recaem sobre sua face.
   A brisa carrega a areia leve, atingindo sua pele úmida. Como você está tão sujo, tão despreocupado, suas feições transparecem uma calmaria, um sentimento indescritível.  Seus olhos se focam em algo, reluzindo como dois diamantes, fazendo-me abrir um sorriso sincero e terno, mas quero saber o destino o qual você ruma, quero saber o que tanto chama sua atenção, causando tais reações em você. Noto seu olhar voltando-se em minha direção, assusto-me, olhando de relance para trás, mas apenas confirmando que aquele lugar só usufruía de duas presenças, a minha e a sua. Meu coração pulsa freneticamente, palpitando. Minha respiração não é a mesma, está descompassada, falha, como se qualquer movimento me tirasse dali, daquele momento. Encaro minhas mãos suadas, que tremeluziam.
     E volto a olhar para você, percebendo então que compartilha das minhas mesmas reações, assim como possuo o seu mesmo brilho nos olhos. Você se aproxima, pousando seu dedo em meu rosto, acariciando levemente minha pele. Fecho os olhos, sentindo sua energia, sua pele em contato com a minha. Minhas pernas tremem, fraquejando. O que acontecia ali? Não sei, mas nada mais importa, somente aquele momento. Não quero preocupar-me com nada, porque ali estava meu mundo, minha felicidade. Seus lábios avermelhados tocam os meus de leve, passeando, usufruindo cada toque até que o beijo se aprofundasse, misturando nossos calores e respirações.
    Talvez esse sentimento seja amor. Não tenho certeza. Não me importo muito em descobrir, para que passar tanto tempo descobrindo a teoria, se a prática é muito mais confortadora e importante? Para que passar tanto tempo definindo o amor e procurando frases que o caracterizam, se sentir é a melhor forma de entendê-lo?
   Não tenho tantas certezas na vida, mas hoje sei que ao olhar nos seus olhos, eu voltarei a esse cenário, onde cresceu o nosso sentimento, onde expandimos nossos desejos e aspirações, onde contemplamos aquela aurora, onde, segundo a sociedade, eternizamos nosso amor.
    (Valéria C.)

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