Pages

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Contos de Russemontes- 7º história. Parte 3

   [...]   -Sabes quais seres, em relação aos outros, são páreos para os demônios? –Uma voz questionou fria, porém protetora. – Os seres que apresentam mais chances de derrotar os demônios? – Aumentara o tom de voz, permanecendo a frieza. – Os seres celestiais, claro.
      -Hector – Vince pronunciou entre dentes, enquanto lançava um olhar fulminante para o Anjo. – O que fazes aqui? Agora quer ser um traidor universal? Não basta ter sido expulso dos céus e enganado o conselho para permanecer com suas asas? – Riu alto, porém forçado.
      -Não lhe devo satisfações. – Retrucou vago, possuidor de expressões vazias, encarando o líder demônio.
       Tal audácia provocou uma irritação sobrenatural em Vince. Sua pele começara a borbulhar e a queimar, enquanto a mesma derretia-se, revelando a verdadeira aparência de um demônio, aquela que despertaria os maiores pesadelos com um simples olhar.
      Chifres brotaram de sua cabeça, e escamas começaram a dominar o lugar onde anteriormente localizava-se sua pele. Seus olhos dilataram-se e, com uma cor amarelada, assemelhara-se a olhos de felinos, porém mais assustadores. Garras afiadas e gigantescas surgiram de seus antigos pés e mãos. Espinhos e espadas compuseram a escamas. Seu corpo demoníaco tinha o aspecto enojado, parecia ter sido banhado em sangue de unicórnio.
       Transformações, essas que não surpreenderam o Anjo. Ele observara, atento e ignorante, as bizarrices que aconteciam com o corpo de Vince.
       -Acabou? – Hector indagou, arqueando uma sobrancelha.
      Em resposta, o demônio soltou um alto rugido, que estremeceu toda floresta, fazendo com que vários pássaros fugissem.
     -É. Parece que acabou. – Ele suspirou, revirando os olhos e, assim, avançou contra Vince.
     A vantagem, visivelmente, estava ao lado de Hector. Era um lutador nato. Pensamentos precipitados aqueles que sustentavam o anjo como dono, apenas, de uma boa lábia, um controlador; mas isso, nem de perto, comparava-se a seus métodos de luta.  Sedutor e elegante, Hector brincava com Vince.
      Cansado de protelações. O enigmático anjo golpeara, com grande força, a face do seu adversário, e este fora lançado desacordado no círculo.
      -Apressem-se. – Hector ordenou, encarando-o os três seres malignos caídos na terra. – Eles acordarão a qualquer momento. – Explicou.
      Sophie e Gallowey entreolharam-se, e o segundo encontrava-se relutante em redimir-se, seguindo ordens de Hector; mas logo se pusera a continuar o feitiço com a herdeira.
      Uma intensa e grande chama vermelha começara a surgir ao redor do círculo, englobando os três demônios e, assim, eles foram sugados por alguma força inferior. Por hora, Russemontes estava a salvo de demônios.
     Os dois feiticeiros caíram desacordados no orvalho, devido ao cansaço proporcionado pelo imenso esforço. Rose correra em socorro da irmã e de Gallowey, ajoelhando-se perto dos mesmos. Aliviada, suspirou ao perceber que não corriam perigo. O ruído de passos, leves e firmes, denunciara à rose a fuga de Hector ao longe.
     -Espere! – Suplicou, levantando-se e indo ao encontro do anjo. Este interrompeu sua caminhada, mantendo-se de costas para Rose. Percebendo que conseguira a atenção, pusera-se a continuar. – Porque fizeras isso? O que te serves minha vida? Porque salvar-me? – Questionou, ofegante e depressa, temendo que Hector se fosse antes de ouvir suas perguntas. – E, afinal, qual era o seu lado realmente?
     Uma leve brisa atingira os dois, percorrendo por entre seus cabelos e suas vestimentas. A neblina espaçara-se, tornando o lugar mais nítido.
      Hector soltara uma risada baixa, meio forçada, mas ao mesmo tempo arrependido. Olhara de relance para trás... Para Rose, mas sem deixar que a mesma notasse.
     - Minha cara Rose – Indagou, frio. -, o meu lado é o vencedor. – Colocou as mãos nos bolsos. – Estou ao lado dos vencedores. Aliás, você está certa, sou um canalha. – Ele finalizara e voltara a seu caminho.
       Rose não acreditara, claro. Mas contentara-se com a resposta, por hora. Ela murmurou um inaudível: “Obrigada” e acompanhou Hector com o olhar até que este saísse de sua vista, sumindo na escuridão.
         By: Valéria c.

0 comentários:

Postar um comentário