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domingo, 16 de janeiro de 2011

Conto - Uma nova história . Parte 1

      A noite estava bela. Embora ainda fosse cedo, a lua mostrava-se magnífica e brilhante nos céus. As estrelas reluzentes o preenchiam. O clima estava frio, contudo, com um toque ameno e reconfortante.
      -Ah, vamos lá, Cathy! Qual o problema? – Uma voz questionadora e insistente soou.
       Cathy era uma menina ativa e corajosa, porém deixava transparecer seus medos com facilidade. Nervosa, ela andava por entre os móveis da sala, enquanto refletia sobre algo, embora já estivesse decidida.
       -Não quero, Marina! Não adianta! – Cathy murmurou, desviando o olhar a fim de fugir dos olhos reprovadores da amiga, enquanto percorria levemente a mão por entre os longos cabelos negros.
         Marina e Cathy eram melhores amigas desde os três anos de idade. Elas compartilhavam não só os mesmos gostos e o mesmo humor, mas também as duas eram donas de grandes e cintilantes olhos verdes. Marina sempre comentava que preferia muito mais olhos azuis, ela dizia combinar mais com seus loiros cabelos curtos e encaracolados, mas Cathy sempre a repreendia, elogiando-a, dizendo que seus olhos naturais realçavam sua pele albina.
        -Cathy, repita comigo: É só um filme. – Marina revirou os olhos, enquanto suspirava e balançava a cabeça negativamente. – Não era você que se intitulava a corajosa? Ah, vamos! Não quer conquistar Dylan? Olha, ótima chance! – Animada, ela lançou um olhar desafiador à Cathy, que, ao ouvir o nome do menino que gostava há anos, sentiu um calafrio percorrer seu corpo.
        Marina sabia muito bem os artifícios para convencer a amiga, mesmo que muitas vezes se tratassem de golpes sujos. Entretanto, Marina sempre teve como objetivo ajudar a amiga a superar seu medo incoerente por um determinado filme de terror.
       -Sim, marina, eu não possuo tantos medos assim. Mas sempre há a exceção! Você não sabe o quanto eu temo esse filme. – Cathy deixou-se cair esparramada no sofá da sala, encarando o teto, cuja cor, antes branca, tornava-se amarelada, devido à luz da sala.
       -Escute, Cathy. Eu quero ajudá-la. E essa é uma ótima oportunidade! Estamos a sós na casa. Ninguém poderá ouvir seus gritos. – Ela despejou, encarando a amiga e esta devolve um olhar assustado, enquanto colocava-se sentada no sofá. – Tudo bem. Exagerei. Mas tente compreender! Nada vai acontecer. – Ela indagou, tentando encorajar a assustada menina no sofá.
       Cathy encarou o tapete branco felpudo da sala, enquanto ignorava o objeto, já que seus pensamentos estavam em outro lugar. Ela apertou as almofadas amareladas da sala, enquanto fechava os olhos e, antes que pudesse mudar de ideia, despejou:
       -Tudo bem. – Sua voz saiu abafada e ela lançou um olhar furtivo à amiga, que comemorou vitoriosa, dirigindo-se à estante da sala, abrindo a gaveta de DVDs e pegando o objeto, que causara tão prolongado assunto.
     Cathy afundou no sofá, apertando uma almofada contra seu corpo, enquanto observava a amiga ligando o DVD player e, com o controle na mão, seguiu para o interruptor, quando Cathy se pronunciou:
      -Ah, você só pode estar brincando. Você já quer demais! No escuro? De jeito algum! Afaste-se desse interruptor agora!
       -Cathy, me responda qual a graça de assistir um filme de terror com a luz acesa? – Questionou a menina de cabelos loiros, enquanto apontava o controle remoto à amiga, e cruzava os braços.
      - E qual é a graça de forçar a amiga a assistir ao filme que pode levá-la a um ataque fulminante do coração?! – Exclamou Cathy, colocando os pés, cobertos por meias brancas, encima do sofá.
      -Sem exageros, por favor. – Marina franziu a testa e revirou os olhos, pensando em alguma ideia. – O.K. Então, desligamos a luz da sala e deixamos a do corredor acesa, que tal? – Propôs Marina, seguindo para o corredor e ligando o interruptor, logo voltou e desligou o da sala.
      Cathy resmungou baixinho, tornando inaudível aos ouvidos da Amiga. Essa sentou-se na poltrona, ajeitando-se confortável, enquanto colocava os pés encima da mesa de centro da sala e, apontando o controle para a teve, apertou o play.
       A tela escureceu e Cathy encolheu-se mais no sofá, mordiscando de leve a ponta do travesseiro, enquanto cravava as unhas nas extremidades do objeto macio. [...]

(Valéria C.)

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