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domingo, 2 de janeiro de 2011

Contos de Russemontes - 7º História. Parte 1

  
      Insuportável e alucinante. Aquele lugar despertava até os medos da criatura mais perversa. Noite de lua crescente. Apenas algumas estrelas dominavam os céus. Nuvens escuras e pesadas circulavam pelo céu negro, cobrindo, em alguns momentos, parte da lua, brilhante e longínqua.
       Discretas e cautelosas, Rose e Sophie davam passados curtos e leves na terra úmida e escura da floresta de Tissot. Árvores de grande porte dominavam aquela parte da floresta, assim como pequenos arbustos e tufos de grama. Encapuzadas, as irmãs ouviram passos pesados no orvalho, indicando a chegada de Gallowey.
       A floresta se inundava em uma escuridão intensa. As folhagens das altas árvores impediam a penetração de luz lunar no lugar, sendo iluminado apenas por raros e fracos riscos da luz. Tal iluminação dificultava a imagem nítida das personificações ali presentes.
       -Estão preparadas – A voz de Gallowey soou pesada e intensa.
       -Isso pareceu-me mais uma afirmação do que uma pergunta. – Sophie respondeu, enquanto arqueava uma sobrancelha e retirava delicadamente o capuz.
      -Claro que sim, jovem bruxa. Hoje não podemos usufruir de escolhas. – Gallowey respondeu convicto e assustador, enquanto abria um sinistro sorriso de lado. – E você. –Virou-se para Rose. – Estás preparada? Espero que não nos decepcione.
      O mestre feiticeiro pronunciou desafiador, porém desconfiado. Ainda possuía dúvidas em relação à ex-bruxa.
      -Eu já confirmei minha decisão. – Rose respondeu rispidamente, enquanto retirava o capuz, deixando transparecer sua desgosto. – Agora, se não acreditas, diga-me logo para que eu possa sair desse lugar macabro. – Séria, a vampira lançou um olhar afrontado para a figura adulta em sua frente.
       -Fora apenas uma pergunta. Trate-se de se acalmar. – Gallowey respondeu agressivo, mas mantendo o tom frio. Não ousava perder sua compostura autoritária. -Agora, pare de audácias. Já não a tolero.
        O clima entre os dois sempre fora pesado e confrontador. Desde a época em que Rose era uma bruxa, elas não dava-se bem com Gallowey, e o sentimento, do mesmo com a vampira, era recíproco. Quando Rose tornou-se um ser sanguinário, Gallowey fora o primeiro a votar por sua expulsão imediata de qualquer contato ou relação com bruxas e feiticeiros.
        -Como os demônios saberão que estamos aqui? – Sophie perguntou, cortando o ar pesado, que pairava entre a irmã e o mestre.
        -Eles estão caçando bruxas, em especial, você, devido seu dom. – Gallowey levantou o olhar, encarando algo longínquo. – Eles logo estarão aqui. Podem sentir nosso cheiro. – Fechou os olhos, inspirando certa quantidade de ar, deixando que percorresse, vagarosamente, por seus pulmões. – E, quando estiverem próximos, sentirei suas presenças. – Uma brisa percorreu por seus cabelos e esbarrou em sua pele ressecada, e então reabriu os olhos. – Pelo menos, é o que eu espero.
      Uivos ecoavam por toda a floresta. Mas desconhecia-se a origem de lobos. O vento, forte e agressivo, percorria pela vegetação, exaltando-as. Corujas e morcegos escondiam-se, em silêncio. Algo impedia-os de propagar ruídos. A tensão e horror formavam-se à medida que a lua atingia o centro do céu.
        A neblina tornava-se espessa e sufocante, indicando a presença de seres malignos, que propagavam o medo com a simples presença. Viajavam rápidos e invisíveis por entre as plantas e árvores.
       -Eles não tardaram a chegar. – Gallowey murmurou surpreso, dando dois passos para trás, enquanto pegava um recipiente transparente, o qual estava preenchido com uma substância esbranquiçada. Ele a espalhou, formando, por fim, um círculo. – Nosso objetivo – Ele voltou-se para as irmãs, indagando firme e controlador. – é guiá-los para o centro do círculo, e assim, eu e Sophie faremos um feitiço, que os mandara para o inferno.
       Rose e Sophie assentiram, e voltaram a atenção ao seu redor. Ruídos de folhagens locomovendo-se eram ouvidos por todo lado, mas os seres culpados            deslocavam-se em uma velocidade surpreendente e desumana, impedindo que suas localizações fossem denunciadas.
       -Ora, Ora, Ora... – Uma voz soou debochada e irônica, mas sua origem era desconhecida. – Vejamos o que temos aqui. Uma vampira e ex-bruxa, um mestre mago – Pronunciou com desdém – E... Ah, a tão rara, caçada por todas as criaturas, herdeira vampira.  – Seu tom modificara-se para um malicioso e aproveitador e, finalmente, aparecendo nas sombras, três figuras, aparentemente, humanas, aproximaram-se desafiadoras e confiantes.
       O líder feiticeiro logo descobrira que o tal demônio, o que encontrava-se no meio, tratava-se de Vince. Os dois localizados ao seu lado não puderam ser reconhecidos.
        Para todos os efeitos, as tais criaturas eram demônios. Preferiram um disfarce discreto, uma forma humana, vulnerável e, nenhum pouco, opressora, contudo, continuavam a ser os seres malignos e infernais de sempre. Olhos castanhos e olhos pretos, vestuário de mesma cor e pele pálida, essa era a aparência dos três.
 
          By: Valéria c.
Essa história é muito grande, então a dividi em partes.

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